Por Marisa Frohlich Seidel
Editoria Luciana Garcia-Waisberg
Artigo publicado na Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, Ano, 01, Vol. 07, p. 52-62. Agosto de 2016. ISSN:2448-0959. Disponível em https://www.nucleodoconhecimento.com.br/arte/arte-contemporanea-arte-e-vida
O estudo da arte contemporânea nos proporciona uma visão diferente de mundo, podendo alcançar um novo e diferente sentido as coisas e objetos. Desta maneira o presente artigo irá retratar a importância da arte contemporânea na vida das pessoas, pois é através da arte que muitas vezes passamos a enxergar coisas que antes não seríamos capazes de ver, podendo assim recriar tudo o que nos cerca, podendo pensar, conhecer e até mesmo sentir, tudo através da arte.
A arte contemporânea nos permite ver o mundo de outra forma, com outros olhos, faz com que captamos as coisas que estão ao nosso redor, e esse ver significa conhecer, e, portanto, entender, pensar e repensar o que vemos, para assim fazermos uma leitura critica do mundo em que fazemos parte, onde podemos deixar marcas para contribuir com a história. Quando vemos mais, também aprendemos mais, então alargamos as nossas possibilidades de contato com a nossa própria realidade, passando a entender sempre mais o que faz parte de nós mesmos, pois a arte busca o pensamento crítico em relação ao mundo que nos cerca, relacionando assim arte e vida.
A ARTE NA CONTEMPORANEIDADE
No princípio a Arte Contemporânea nos envolve de forma com que perdemos completamente o rumo de nossas ideias, já não há mais sentido, tudo está confuso; mas é nessa confusão que surge algo novo, é esse novo que renasce com uma força avassaladora, penetrando na mente, fazendo com que o ser humano pense e reflita através da arte sobre sua vida, transformando assim a arte contemporânea em uma canção para nossos ouvidos e uma miragem para nossos olhos, tocando assim nossa alma, e invadindo nosso ser, fazendo assim o ser humano simplesmente pensar.
A arte contemporânea nos leva a viajar através das cores e formas que nos rodeiam, representando a nossa atualidade de forma que o espectador interprete das mais variadas formas, acompanhando o homem e sua história em manifestações que refletem o contexto social do momento em que ele está inserido.
Os artistas contemporâneos, como em toda a história, mostram através de sua arte o pensamento de determinada época, requisitando uma nova forma de representação dos problemas atuais, ela é bem diversificada e ampla em todos os aspectos; caracteriza-se por uma ligação estratégica com as transformações políticas e sociais de nossa época.
A arte é uma atividade fundamental ao ser humano, pois quando o homem produz, ele interage com o mundo em que vive e consigo mesmo. Ela é necessária para que o ser humano se torne capaz de conhecer e assim poder mudar algo. É capaz de comover a alma, pois expressa sentimentos. Tem a função de estimular o pensamento humano, de fazer pensar sobre o mundo em que se está inserido e sobre a própria forma de vida, tudo isso porque a arte é um conhecimento, uma expressão humana muito forte, é um grito que provém da alma.
Através da arte podemos criar e recriar tudo, dar um novo sentido a nossa existência, retratar o presente da nossa própria maneira, para que este colabore com a história; história na qual cada um se faz presente, deixando assim marcada a nossa época, o nosso hoje, a nossa contemporaneidade.
Artistas contemporâneos trabalham conforme sua vontade e necessidade, pois nos dias atuais tudo pode ser considerado arte, portanto o que está em jogo é a criatividade de cada um, pois o que temos é um leque de formas e materiais para se trabalhar, basta vermos com um olhar artístico e com um imenso desejo de criar e inovar. O que temos que ter em mente é o objetivo que queremos atingir, pois o que mais temos são caminhos a percorrer, e isso varia de acordo com cada artista; e o que vale é o pensamento e não a técnica.
…não parece haver mais nenhum material particular que desfrute do privilégio de ser imediatamente reconhecível como material da arte: a arte recente tem utilizado não apenas tinta, metal e pedra, mas também ar, luz, som, palavras, pessoas, comida e muitas outras coisas.(ARCHER, 2001, prefácio).
Uma obra de arte deve passar uma ideia de reflexão, que leve o espectador a pensar, e questionar sobre o que está vendo e analisando, e não simplesmente ver, pensar que entendeu, reduzindo assim a um significado banal; a arte contemporânea vai muito ao contrário disso, ela quer o apce do pensamento humano, entrando assim com sua verdadeira função, que é fazer as pessoas pensarem.
O problema é que essas pessoas usam um único verbo: entender. Entender significa reduzir uma obra à esfera inteligível. Eu nunca ouvi ninguém dizer: eu não consegui sentir essa obra. Como as pessoas tem medo de sentir, elas entendem, reduzem sua relação ao ato inteligível e, por isso, esperam pelo socorro do suposto farol da opinião daqueles que sabem: historiadores, filósofos, críticos, artistas, curadores… (COCCHIARALE, 2006, p. 14).
A frase que predomina na arte contemporânea é: isso é arte? A própria arte dúvida de si mesma, questiona o visível, interroga seu significado e sua condição no mundo, rejeitando a verdade absoluta. Não existe mais uma verdade verdadeira, o que predomina é a relatividade de conceitos, permitindo múltiplos resultados artísticos.
A arte nega a visão pronta do mundo, desejando alterar a percepção que as pessoas tinham dele e da própria arte. Para ser percebida e ter suas intenções perceptíveis, a obra deveria se destacar, diferenciar-se das imagens cotidianas. Para isso provocava visões estranhas, esquisitas, enigmáticas, até repulsivas, de modo a provocar a reação do público. A obra de arte passou a ser discutida e falada, com o objetivo de fazer as pessoas pensarem, refletirem e compartilharem o que eles livremente puderam imaginar. No mundo contemporâneo, a arte seria a única instância possível de pensar e agir com total liberdade. Isso é ser livre, pensar livremente sobre a arte, sobre o contemporâneo. A arte pode ser reflexo sobre nossa realidade.
“O principal sentido da obra de arte é, pois, a sua capacidade de intervir no processo histórico da sociedade e da própria arte e, ao mesmo tempo, ser por ele determinado, explicitando, assim, a dialética de sua relação com o mundo. “ (FUSARI e FERRAZ, 1993, p.105)
Nossa sociedade está repleta de cores e formas que atraem o nosso olhar, faz com que penetramos nas formas, e isso nos permite uma viagem para o ato criativo, pois através de nossos sentidos podemos interagir com todo o mundo exterior, e também com o nosso interior em forma de pensamento e sonho.
EXPRESSÕES DA ARTE CONTEMPORÂNEA
Arte contemporânea é formada através de diferentes estilos, técnicas e movimentos. A “diversidade” é a palavra chave para descrever as expressões da arte contemporânea. As categorias artísticas não são mais levadas tão a sério. Já não se sabe ao certo como classificar uma obra. Para produzir uma obra de arte, já não é necessário usar apenas pincéis e tintas, na arte contemporânea qualquer material pode ser considerado parte de uma obra, inclusive ações e pensamentos.
Um exemplo da diversidade da arte contemporânea é a arte conceitual, que é o predomínio da ideia sobre o objeto artístico finalizado. O pensamento do artista é superior ao resultado final, sendo que este pode até ser dispensável; grande parte dos artistas conceituais tem por objetivo, com esse tipo de procedimento, popularizar a arte, fazer com que ela servisse como veículo de comunicação. Desta maneira a produção do material palpável pode até ser feito por outra pessoa, não necessariamente o artista. O que importa é o pensamento artístico, o conceito, aquilo que é formulado intelectualmente antes de sua materialização.
Outra manifestação são as intervenções urbanas, que surgem para criticar, interagir e analisar ao nosso presente, pondo em discussão valores, crenças e identidades sociais. Surgem como uma alternativa de diálogo direto com a sociedade, capaz de ligar mutuamente a arte com o indivíduo. Esse meio artístico interfere diretamente no cotidiano das pessoas, pois são obras de arte que se misturam a rotina de uma cidade.
Assim como diz Maria Angélica Melendi, sobre intervenções urbanas, elas servem para:
…abrir na paisagem pequenas trilhas que permitam escoar e dissolver o insuportável peso de um presente cada vez mais opaco e complexo. Cabe observar que, atualmente nas artes visuais, a linguagem da intervenção urbana precipita-se num espaço ampliado de reflexão para o pensamento contemporâneo. Disponível em: (http://www.intervencaourbana.org/)
A instalação, outra manifestação contemporânea que permite uma grande possibilidade de suportes; sua realização pode integrar inúmeros recursos, mas sempre com o questionamento do próprio espaço e do tempo, absorvendo e construindo tudo a sua volta, e ao mesmo tempo desconstruindo.
A instalação consiste em instalar uma ação em determinado lugar, aguçando o senso crítico e criativo da população, provocando-a para uma análise mais profunda sobre determinada situação.
Pode se dizer que a instalação é um espelho do nosso tempo, mexe com os sentidos do público, e faz com que os espectadores experimentem diferentes sensações, sejam elas agradáveis ou incômodas. O espectador participa da obra, e não somente a aprecia, pois, a partir do momento que a obra de arte for colocada no cenário urbano, não está mais exposta aos olhos estáticos, de pessoas voltadas de alguma forma às artes, mas sujeita a tudo o que está ao seu redor, recebendo assim, todo o tipo de interpretação pública e sofrendo inúmeras transformações por segundo.
Devido a essa diversidade de manifestações, é difícil definir a arte contemporânea.
Para alguns críticos, a característica mais importante da arte contemporânea é sua tentativa de criar pinturas e esculturas voltadas para si mesmas e, assim, distinguir-se das formas de arte anteriores, que transmitiam ideias de instituições políticas ou religiosas poderosas. …os artistas contemporâneos não são mais financiados por essas instituições, têm mais liberdade para atribuir significados pessoais às suas obras. Essa atitude é, em geral, denominada como arte pela arte, um ponto de vista quase sempre interpretado como arte sem ideologia política ou religiosa. Ainda que as instituições governamentais e religiosas não patrocinassem a maioria das artes, muitos artistas contemporâneos procuravam transmitir mensagens políticas ou espirituais. Disponível em: (http://www.coladaweb.com/artes/arte-contemporanea-parte-1)
A arte contemporânea, vigente até os dias de hoje, engloba uma pluralidade de movimentos e linguagens. Além da diversidade de propostas, as linguagens são diferentes entre si e, por vezes, contraditórias, provocando desta maneira um olhar especial para cada uma delas, e muito mais provocativo com relação a cada ser humano. Do espectador exige-se maior atenção e um olhar que pensa, uma visão que o faça ler a obra. Ao artista cabe o pensar arte, inventar / reinventar arte, criticar arte, e assim produzir uma arte diferencial.
ARTE E SOCIEDADE
O campo da arte se torna cada vez mais amplo e sem fronteiras, por isso a mudança significa uma reforma considerável nos padrões instituídos, bem como no pensamento dos espectadores. A arte é um veículo independente de comunicação, um espaço de transição. A cidade participa da arte, não como uma galeria, mas envolvendo-se organicamente com ela, sendo impossível o desligamento com o sistema das artes.
A motivação básica da arte contemporânea é criar um diálogo com a cultura popular, isso significa representar o que se passa na sociedade, o que está em alta em determinada época e a forma com que as pessoas agem.
A arte contemporânea é definida como a arte da rebeldia, da vontade de surpreender, da busca pela originalidade a qualquer preço. As manifestações artísticas ocorrem devido a uma necessidade do ser humano de ordenar e dar sentido a sua experiência e visão de mundo e que todo ser humano, de qualquer cultura, idade, sexo e nível social é capaz de criar, produzir e maravilhar-se com a arte.
Podemos perceber que a arte caminha com a história, que sempre nos acompanha, relatando fatos de cada época. Quando a história nos contava sobre a corte, a arte nos refletia isso também, anos após, a exploração de terras e do trabalho, com certeza a arte retratava da mesma maneira, pois como já foi mencionado a arte e a vida caminham juntas, portanto fazemos parte de uma história que não se separa da arte e vice-versa.
Nos dias atuais a arte vai além, será que podemos dizer que as pessoas também foram além do habitual, do normal, além do marasmo, mas também pode se dizer que as pessoas foram além de si mesmas, passando por cima de tudo e de todos, e desta mesma maneira a arte contemporânea se manifesta, indo além do habitual, para poder entrar no mesmo ritmo da sociedade, que muitas vezes não sabe seu rumo e nem seu objetivo, no entanto, surge a arte para fazer as pessoas pensarem sobre essa turbulência de informações, onde um olhar poderá mudar uma vida.
A arte contemporânea dialoga com o mundo, de uma maneira de igual para igual, porém com objetivos diferentes. Vivemos em uma sociedade de consumo, onde o ter prevalece sobre o ser, onde tudo pode e nada pode ao mesmo tempo, um lugar onde as pessoas simplesmente sobrevivem, indo em busca de bens de consumo, vivendo para o trabalho e não simplesmente para ser feliz e fazer os outros felizes.
A sociedade atual está carente de valores morais, onde a vida se transformou em mecânica, seres humanos agem automaticamente, sem precisarem pensar, pois a vida virou uma rotina, na qual o ser humano, que agora parece não ser mais tão humano, realiza seus atos por hábito, porque assim a sociedade o quer. A arte contemporânea denúncia esta realidade, em busca de termos seres mais pensantes e críticos perante o mundo em que vivemos, nos desafia a pensar sobre a realidade, transformando em arte, tudo aquilo que não é óbvio aos nossos olhos, e desta maneira fazendo com que em um lapso de memória cotidiana, nos passe um filme perante nossos olhos e também em nosso consciente, buscando amenizar o sistema individualista e capitalista, mostrando que além de nós, existe um mundo que também gira e nos torna seres melhores perante si mesmos e principalmente perante a sociedade.
Na cultura contemporânea sobrepõem-se linguagens, paradigmas e projetos. Uma trama plural com múltiplos eixos e muitas questões. Neste cenário, considerado como o do fim da modernidade, a forma original da sobrevivência, da vida na Terra se coloca de maneira diferente, mais atual e original. Em termos ambientais, no sentido da necessidade da manutenção e implemento do equilíbrio de toda a vida; em termos éticos, face às grandes e imponderáveis desigualdades entre diversos grupos humanos; e existenciais, considerando-se a felicidade e o conhecimento, e a busca de novos termos para a sua frutificação, fora do âmbito restrito do consumo e da sobrevivência material. (MATOSO, 2012).
Tudo isso e muito mais faz parte de nossa contemporaneidade, tempo esse que não se pode dizer ao certo até onde vai, apenas sabemos o que acontece até hoje, mas o amanhã será sempre um suspense, uma expectativa.
Podemos observar que a época contemporânea passou a ser de constante transformação, tudo acontece momentaneamente, transformando assim a sociedade constantemente. O que hoje pode ser importante, amanhã já pode não ser mais.
Atualmente passamos por um processo de renovação, e assim vivemos uma condição de determinação diante de inúmeros dilemas nos mais diversos campos do saber e do viver, que, além de ser fonte de angústia e desconforto, são também desafios à imaginação, à criatividade e ao pensamento. Então passa a existir o que chamamos de contemporâneo, é onde acontecem todos os nossos problemas, mas é também onde acontecem todas as nossas realizações, nossos prazeres, mas enfim é onde nós realizamos plenamente, de forma material e espiritual, podendo expressar, das formas mais variadas, nossos sentimentos e emoções, não importando como são representados, mas sim a sua originalidade e seu contexto.
Esse tempo também pode ser entendido como o tempo da criatividade, da generalidade, da restauração dos elementos singulares, do local, dos dilemas, da abertura de novas potencialidades. Desta forma, esse conceito de novidade só faz sentido quando efetivamente agrega uma qualidade não existente anteriormente, ou atualiza algo já existente. Um tempo que se abre para uma consciência crescente da descontinuidade, da não-linearidade, da diferença, de um novo olhar, um novo pensamento, da necessidade do diálogo, da complexidade, do acaso, do desvio e do desafio, do novo, do improviso, cai por chão à técnica e o que se sobressalta é a forma, o material, o novo contexto e assim, um novo sentido, enfim, para uma ressignificação profunda das ideias compreendidas entre os seres humanos.
Cada ser humano é convidado a construir uma narrativa singular do presente, e apenas por existir transcreve uma história, uma vida, e assim passa a fazer parte de seu tempo, um tempo que não volta, mas que com certeza fica marcado na história, seja na nossa contemporaneidade ou quem sabe haverá uma próxima, já isso cabe ao futuro decidir.
De forma ampla, a arte contemporânea engloba as características gerais e abstratas do mundo e invade tudo o que pensamos e imaginamos; mexe com nossa mente, ou seja, nosso pensar, com o que tocamos, a matéria que nos cerca, a nossa realidade; e a razão, nossa lógica, a verdade. A arte vai muito além do nosso pensamento, ela pode ser o nosso inconsciente, só ela nos permite uma viagem sem limites, onde tudo é possível, basta ver e sentir tudo o que acontece ao nosso redor.
“Acredito que o tempo existe, que ele passa, pode ser medido em horas e dias, que o que já passou é diferente de agora e o que virá também há de ser diferente deste momento, que o passado pode ser lembrado ou esquecido, e o futuro, desejado ou temido”. (CHAUI, 2001, p. 7)
Todos nós temos uma concepção geral sobre a natureza do mundo em que vivemos e do lugar que nele ocupamos. Ocasionalmente, todos duvidamos e questionamos crenças, não só as nossas como as alheias, e fazemos com mais ou menos sucesso sem possuirmos uma teoria acerca do que fazemos, sabemos apenas que nada provém do nada, que no mundo e na experiência que dele possuímos existe volta, retorno, a mente se encontra no espaço, espaço este que procuramos tanto questionar; questionamos para achar saídas para nossos problemas. Nossa mente vai além, procura a busca incessante para a razão, mas é no delírio do dia a dia que somos realmente o que somos e é assim que realmente vivemos, saciando a cada dia um pouco da sede da sabedoria.
“A arte como expressão não é apenas alegoria e símbolo. É algo mais profundo, pois procura exprimir o mundo através do artista. Ao fazê-lo, leva-nos a descobrir o sentido da cultura e da história” (CHAUI, 2001, p.152).
Entender a arte contemporânea é aprender a olhar o mundo e os fatos com mais cuidado e mais responsabilidade, procurando analisar os seus porquês. Levando em conta isso, podemos perceber que o mundo nos questiona, e questiona o que de fato somos; será que somos seres pensantes, ou será que alguém pensa por nós? Estamos sobre a terra para viver ou apenas para passarmos os dias? Parecem ser perguntas simples, mas que mexem com o pensamento e deixam interrogações. Tudo tem um motivo e um sentido, mas a resposta deve ser encontrada dentro de cada ser humano, cada um com suas particularidades.
Desde o início do século XX, todavia, abandona-se a ideia de juízo de gosto como critério de apreciação e avaliação das obras de arte. De fato, as artes deixaram de ser pensadas exclusivamente do ponto de vista da produção da beleza para serem vistas sob outras perspectivas, tais como expressão de emoções e desejos, interpretação e crítica da realidade social, atividade criadora de procedimentos inéditos para a invenção de objetos artísticos, etc. (CHAUI, 2001, p.149)
A arte contemporânea transfigura a realidade para que tenhamos acesso verdadeiro a ela, mostra o que já sabemos, mas não éramos capazes de saber que já sabíamos, desequilibra o que está estabelecido, cria dúvidas, responde perguntas com outras perguntas, e abre sempre mais questionamentos.
Seus trabalhos artísticos, por serem totalmente diferente do considerado normal (pintura figurativa), muitas vezes são mal vistos, são prejulgados como sendo feios e sem importância; mas na verdade, eles procuram mostrar não a beleza para os olhos e sim para a alma. É preciso ver e rever, a arte contemporânea quer do espectador uma segunda olhada, fazendo assim mais uma interrogação em seu pensamento e mostrando o quanto ela interage na sociedade e na vida de seu espectador.
Muitas vezes a arte contemporânea faz nossa mente mergulhar para o inconsciente, interagindo com o eu, pensamos e nosso pensamento gera um novo pensar que volta a se questionar; nossas respostas são mais perguntas, isso faz com que o cérebro humano se exercite, sendo questionador e crítico em relação à sociedade em que se está inserido e consigo mesmo, completando assim o ciclo da arte contemporânea, e ela assim cumprindo a sua função.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do presente artigo podemos perceber a amplitude da arte contemporânea, as inúmeras formas que ela tem de apresentação, e a incrível capacidade de interagir na vida das pessoas, buscando respostas e aumentando questionamentos a respeito do mundo e da forma de viver. A arte contemporânea pode invadir nossas vidas mesmo sem querer, pois, ela pode estar em todos os lugares possíveis, mostrando que tudo o que pensamos e o que fazemos tem um por que, e muitas vezes essa resposta volta para nós em forma de um novo questionamento.
É através da arte que podemos criar e recriar tudo, dar um novo sentido as coisas e até mesmo a nossa própria vida, pois se a arte contemporânea tem a função de fazer pensar, é dever de cada indivíduo pensar sobre si, e a maneira como vive esta contemporaneidade, completando assim o ciclo arte e vida e assim vice-versa, e desta maneira deixando registrada sua história.
REFERÊNCIAS
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BACHELARD, Gaston. O Direito de Sonhar. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1994.
BOSI, Alfredo. Reflexões sobre a Arte. 4. ed. São Paulo: editora Ática, 1991.
CHAUI, Marilena. Filosofia. São Paulo. Editora Ática, 2001.
COCCHIARALE, Fernando. Quem tem Medo da Arte Contemporânea? Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2006.
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[1] Professora na rede pública municipal de Santa Rosa RS. Licenciatura em Desenho/FEMA/RS, pós-graduada em Arte e Educação / Uniasselvi / SC