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Giuseppe Ungaretti: da guerra ao amor

Por Alice Laterza
Editoria Ana Caetano
Giuseppe Ungaretti, filho de pais italianos, nasceu no dia 8 de fevereiro de 1888, em Alexandria, no Egito. O poeta viveu sua infância no Egito, onde começou a se interessar pela literatura e a escrever seus primeiros versos. Em 1912, se muda para Paris e nessa viagem conhece a Itália pela primeira vez. Em Paris, estuda por dois anos na Sorbonne. É lá que Ungaretti entra em contato com grandes artistas de vanguarda, como Picasso, Braque, Modigliani etc. Nessa mesma época, em uma mostra futurista, foi convidado a colaborar na revista Lacerba, tendo assim, seus dois primeiros poemas publicados.
Com a entrada da Itália na Primeira Guerra Mundial em 1915, Ungaretti é chamado para servir no exército e é mandado ao Carso como soldado. Esse período em que lutou na guerra teve grande influência em sua poesia e resultou na publicação de sua primeira obra: Il Porto Sepolto. Ao fim da guerra, em Paris, Ungaretti publica alguns textos e versos em francês e depois se muda para Florença, onde publica sua segunda obra: Allegria di Naufragi.
Em 1932, em Veneza, sua poesia é reconhecida publicamente ao receber o Premio del Gondoliere. Mais tarde, em 1936, a Universidade de São Paulo (USP) lhe oferece a cadeira de Língua e literatura italiana. Ungaretti aceita a proposta e vive em São Paulo por cinco anos como professor da USP. Depois de sua jornada no Brasil, retorna à Itália e é nomeado professor de Literatura italiana contemporânea pela Universidade de Roma. É nessa época que a publicação de toda sua obra, Vita d’un Uomo, se inicia e em 1949, recebe o Premio Roma per la poesia.
Ungaretti continuou a escrever poemas, mas também se dedicou à prosa, à crítica literária e ao trabalho de tradução. Foi eleito presidente da Comunidade Europeia dos Escritores por unanimidade e mais tarde recebeu o prêmio internacional de poesia Etna-Taormina. Sua obra foi muito prestigiada e, assim, recebeu vários outros prêmios internacionais e foi convidado a participar de diversos eventos acadêmicos ao redor do mundo. Morreu em 1970, com 82 anos, em Milão.
Escritor de poemas curtos e intensos, Giuseppe Ungaretti foi um grande nome da poesia moderna. Teve influência, principalmente, de vanguardistas franceses como Mallarmè e Baudelaire em sua poética. É conhecido por cantar sobre a guerra e sobre o amor e soube, em sua obra, transformar as desventuras que viveu em bela poesia.
Os poemas selecionados e traduzidos para esta edição são do conjunto de poemas Poesie Disperse, de sua obra completa Vita d’un Uomo. Eles são alguns dos primeiros poemas escritos por Ungaretti, que não foram publicados em um livro específico e, dessa forma, foram reunidos na seção Poesie Disperse de Vita d’un Uomo. São poemas pouco conhecidos e pouco amadurecidos – por serem do início de sua carreira como poeta -, mas que não deixam de afirmar a grandeza, desde o início, da poesia de Giuseppe Ungaretti.

L’ILLUMINATA RUGIADA
La terra tremola
di piacere
sotto un sole
di violenze
gentili
 
POESIA
Sagrado il 28 novembre 1916
I giorni e le notte
suonano
in questi miei nervi
di arpa
vivo di questa gioia
malata di universo
e soffro
di non saperla
accendere
nelle mie
parole
 
SONO MALATO
Vallone il 20 aprile 1917
La malincolia
mi macera
Il corpo dissanguato
mi dissangua
la poesia
O ILUMINADO ORVALHO
A terra treme
de prazer
debaixo de um sol
de violências
gentis
 
POEMA
Sagrado, dia 28 de novembro de 1916
Os dias e as noites
tocam
nestes meus nervos
de harpa
vivo desta alegria
doente de universo
e sofro
de não saber
acendê-la
nas minhas
palavras
 
ESTOU DOENTE
Vallone, dia 20 de abril de 1917
A melancolia
me macera
O corpo dessangrado
me dessangra
a poesia
 
Tradução: Alice Laterza
Revisão: Amanda Bruno
Referência Bibliográfica
UNGARETTI, Giuseppe. Vita d’um Uomo: Tutte le poesie. 7 ed. Arnoldo Mondadori Editore: Milão, 1974.

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