Por Maurilo Andreas
O que uma criança encontra quando topa com a Emília nas páginas de um livro? Ou com Judy Moody, com o Conde de Monte Cristo ou Capitão Nemo?
Livros proporcionam encontros com nós mesmos. Com medos que desconhecíamos, com coragens que só desconfiávamos, com mundos inteiros e sonhos e verdades tão próximas ou tão diferentes das nossas.
Quem presenteia uma criança com um livro nem sempre acerta. Nem todas gostam de ler, nem todo pai estimula, nem todo tempo permite.
Ainda assim, quando um livro encontra morada na criança que o recebe, o encontro que acontece costuma durar para sempre.
Abrem-se portas, visões e possibilidades. Cria-se um leitor. Alguém com uma paixão pelo que o outro tem a dizer e com a vontade de dizê-lo também de maneira única, em forma e em conteúdo.
Esse encontro já se adivinha antes do papel rasgado. Nos casos em que há uma gota de euforia na exclamação “é um livro” ao ver o volume retangular, a ansiedade de abrir a embalagem se traduz em mãos frenéticas.
Que tema terá? Conheço o autor? Já ouvi falar?
Se a obra é familiar e desejada pelo presenteado, é difícil esconder a emoção. Se é desconhecida, a curiosidade surge cuidadosa. E se é um livro que já se leu, a decepção dura pouco, seguida que é pelo desejo de trocá-lo por outro título.
Dar um livro para quem ama livros é, enfim, uma experiência linda também para quem leva o presente. Observar as reações, perceber a ansiedade, principalmente em se tratando de uma criança, é um deleite para quem presenteia.
É que ele sabe que em meio a roupas, jogos e brinquedos, o que ele deixa são histórias, personagens, mundos, descobertas e sonhos.
Mais do que o livro de um autor, um livro para o leitor. Escolhido a dedo, buscado em prateleiras, pesquisado na internet.
Mais do que páginas, um encontro.