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Todo dia, todo dia (Editorial Edição 54)

Por Carla Luisa Marin
Há quem despreze o cotidiano. Que coloque tudo aquilo que acontece sempre na gaveta das coisas banais e de pouco ou nenhum significado maior. Será? É no cotidiano, no todo dia e no “de sempre” que se revela a natureza humana. Ela está ali, no hábito e nas ações tantas vezes irrefletidas e repetidas até mecanicamente.
É nesse fazer natural que a vida de fato acontece, e se abrem os espaços para o grande, o extraordinário. Geralmente estudamos a história dos grandes momentos, aquela história das datas muito bem marcadas e memorizadas com certo esforço, e quase nos esquecemos de que muito mais aconteceu em 1500, em 1789, em 1939. Há muito mais do que descobrimentos, revoluções ou guerras, nestes e em tantos outros anos que se reduzem àquele fato ou evento. 365 dias com suas respectivas horas e seus minutos e segundos de vida acontecendo, criando circunstâncias e definindo não só cenários, mas os protagonistas que somos nós. E inspirando, para que tudo isso continue no dia seguinte e no outro também.
Essa edição do Letras homenageia o cotidiano metendo um pouco de poesia na bagunça do dia a dia, como a canção dizia, como o instante merece. Poesia, e mais literatura, e arte, e fotografia, e arquitetura e pensar (e sentir), sempre – para valorizar de verdade cada momento como se deve.
Boa leitura!

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