Por Vítor Neves e Siqueira e Márcia Schmaltz
Editoria Aléxia Teles Duchowny
Original de Bi Shumin, médica e escritora chinesa, 55 anos.
提醒幸福
作者:毕淑敏
我们从小就习惯了在提醒中过日子。天气刚有一丝风吹草动,妈妈就说,别忘了多穿衣服。才相识了一个朋友,爸爸就说,小心他是个骗子。你取得了一点成功,还没容得乐出声来,所有关切着你的人一起说,别骄傲!你沉浸在欢快中的时候,自己不停地对自己说:“千万不可太高兴,苦难也许马上就要降临……”我们已经习惯了在提醒中过日子。看得见的恐惧和看不见的恐惧始终像乌鸦盘旋在头顶。
在皓月当空的良宵,提醒会走出来对你说:注意风暴。于是我们忽略了皎洁的月光,急急忙忙做好风暴来临前的一切准备。当我们大睁着眼睛枕戈待旦之时,风暴却像迟归的羊群,不知在哪里徘徊。当我们实在忍受不了等待灾难的煎熬时,我们甚至会恶意地祈盼风暴早些到来。
风暴终于姗姗地来了。我们怅然发现,所做的准备多半是没有用的。事先能够抵御的风险毕竟有限,世上无法预计的灾难却是无限的。战胜灾难靠的更多的是临门一脚,先前的惴惴不安帮不上忙。
当风暴的尾巴终于远去,我们守住零乱的家园。气还没有喘匀,新的提醒又智慧地响起来,我们又开始对未来充满恐惧的期待。
人生总是有灾难。其实大多数人早已练就了对灾难的从容,我们只是还没有学会灾难间隙的快活。我们太多注重了自己警觉苦难,我们太忽视提醒幸福。请从此注意幸福!幸福也需要提醒吗?
提醒注意跌倒……提醒注意路滑……提醒受骗上当……提醒荣辱不惊……先哲们提醒了我们一万零一次,却不提醒我们幸福。
也许他们认为幸福不提醒也跑不了的。也许他们以为好的东西你自会珍惜,犯不上谆谆告诫。也许他们太崇尚血与火,觉得幸福无足挂齿。他们总是站在危崖上,指点我们逃离未来的苦难。但避去苦难之后的时间是什么?
那就是幸福啊!
享受幸福是需要学习的,当幸福即将来临的时刻需要提醒。人可以自然而然地学会感官的享乐,人却无法天生地掌握幸福的韵律。灵魂的快意同器官的舒适像一对孪生兄弟,时而相傍相依,时而南辕北辙。
幸福是一种心灵的振颤。它像会倾听音乐的耳朵一样,需要不断地训练。
简言之,幸福就是没有痛苦的时刻。它出现的频率并不像我们想象的那样少。
人们常常只是在幸福的金马车已经驶过去很远,捡起地上的金鬃毛说,原来我见过它。
人们喜爱回味幸福的标本,却忽略幸福披着露水散发清香的时刻。那时候我们往往步履匆匆,瞻前顾后不知在忙着什么。
世上有预报台风的,有预报蝗虫的,有预报瘟疫的,有预报地震的。没有人预报幸福。其实幸福和世界万物一样,有它的征兆。
幸福常常是朦胧的,很有节制地向我们喷洒甘霖。你不要总希冀轰轰烈烈的幸福,它多半只是悄悄地扑面而来。你也不要企图把水龙头拧得更大,使幸福很快地流失。而需静静地以平和之心,体验幸福的真谛。
幸福绝大多数是朴素的。它不会像信号弹似的,在很高的天际闪烁红色的光芒。它披着本色外衣,亲切温暖地包裹起我们。
幸福不喜欢喧嚣浮华,常常在暗淡中降临。贫困中相濡以沫的一块糕饼,患难中心心相印的一个眼神,父亲一次粗糙的抚摸,女友一个温馨的字条……这都是千金难买的幸福啊。像一粒粒缀在旧绸子上的红宝石,在凄凉中愈发熠熠夺目。
幸福有时会同我们开一个玩笑,乔装打扮而来。机遇、友情、成功、团圆……
它们都酷似幸福,但它们并不等同于幸福。幸福会借了它们的衣裙,袅袅婷婷而来,走得近了,揭去帏幔,才发觉它有钢铁般的内核。幸福有时会很短暂,不像苦难似的笼罩天空。如果把人生的苦难和幸福分置天平两端,苦难体积庞大,幸福可能只是一块小小的矿石。但指针一定要向幸福这一侧倾斜,因为它有生命的黄金。
幸福有梯形的切面,它可以扩大也可以缩小,就看你是否珍惜。
我们要提高对于幸福的警惕,当它到来的时刻,激情地享受每一分钟。据科学家研究,有意注意的结果比无意要好得多。
当春天来临的时候,我们要对自己说,这是春天啦!心里就会泛起茸茸的绿意。
幸福的时候,我们要对自己说,请记住这一刻!幸福就会长久地伴随我们。那我们岂不是拥有了更多的幸福!
所以,丰收的季节,先不要去想可能的灾年,我们还有漫长的冬季来得及考虑这件事。我们要和朋友们跳舞唱歌,渲染喜悦。既然种子已经回报了汗水,我们就有权沉浸幸福。不要管以后的风霜雨雪,让我们先把麦子磨成面粉,烘一个香喷喷的面包。
所以,当我们从天涯海角相聚在一起的时候,请不要踌躇片刻后的别离。在今后漫长的岁月里,有无数孤寂的夜晚可以独自品尝愁绪。现在的每一分钟,都让它像纯净的酒精,燃烧成幸福的淡蓝色火焰,不留一丝渣滓。让我们一起举杯,说:我们幸福。
所以,当我们守候在年迈的父母膝下时,哪怕他们鬓发苍苍,哪怕他们垂垂老矣,你都要有勇气对自己说:我很幸福。因为天地无常,总有一天你会失去他们,会无限追悔此刻的时光。
幸福并不与财富地位声望婚姻同步,这只是你心灵的感觉。
所以,当我们一无所有的时候,我们也能够说:我很幸福。因为我们还有健康的身体。当我们不再享有健康的时候,那些最勇敢的人可以依然微笑着说:我很幸福。因为我还有一颗健康的心。甚至当我们连心也不再存在的时候,那些人类最优秀的分子仍旧可以对宇宙大声说:我很幸福。因为我曾经生活过。
常常提醒自己注意幸福,就像在寒冷的日子里经常看看太阳,心就不知不觉暖洋洋亮光光。
Somos acostumados desde pequenos a prestar atenção ao mundo ao nosso redor. Assim que a grama balança ao vento, nossas mães já nos avisam para agasalhar-nos. Quando conhecemos um novo amigo, nossos pais já nos alertam para tomar cuidado. Quando obtemos uma pequena conquista, e antes mesmo de um viva de alegria, alguém alerta-nos para não sermos soberbos. Quando estamos imersos em contentamento, lembramo-nos que em breve poderemos cair em infortúnio. E, assim, vivemos em constante tensão. Como corvos, os temores visíveis e invisíveis ficam sobrevoando as nossas cabeças.
Quando estamos sob o luar em uma noite tranquila, caímos num estado de vigília que nos admoesta: Cuidado com a tempestade! E então ignoramos o límpido luar e nos preparamos, aflitos, a todos os tipos de precauções para a vinda da tempestade. Enquanto mantemo-nos alerta para o combate, a tempestade demora a chegar, feito um rebanho de carneiros perdidos, e não suportando mais a angústia da espera, fingimos torcer para que ela venha mais cedo.
Finalmente a tempestade nos assoma. Desapontados, percebemos que quase todo o preparo revelara-se inútil. A precaução é limitada, enquanto que as possibilidades de desastres são inumeráveis. Grande parte das tragédias é vencida por um triz e de nada ajuda o desespero e a inquietude de antes.
Quando a tempestade se afasta, seguimos de guarda em frente aos nossos lares e jardins arrasados. Mal recuperamos o fôlego, e um novo alerta sabiamente ressoa e, outra vez, ficamos a temer o futuro.
É normal sermos assolados por infortúnios ao longo da vida. Na verdade, a maioria das pessoas aprende desde cedo a manter a calma nas situações difíceis, porém ainda não aprendemos a viver a alegria que existe entre uma dificuldade e outra. Damos muita atenção ao sofrimento e negligenciamos o valor da felicidade. A partir de agora, consideremos a felicidade! Será que precisamos nos lembrar de que ela existe?
Atenção para não tropeçar… Atenção para não escorregar… Atenção para não ser enganado… Permaneça impávido perante a glória ou a desgraça… Os sábios antigos já nos alertaram mil e uma vezes sobre as desgraças, entretanto não nos alertaram para sermos felizes.
Talvez os sábios acreditassem não ser preciso chamar a atenção para a felicidade, por ela ser inerente. Talvez eles achassem que iríamos valorizar naturalmente as coisas boas, portanto, seria desnecessária a insistência sobre isso. Talvez valorizassem mais o esforço perante as dificuldades e pensassem que a felicidade não valesse a pena de ser mencionada. Eles estão sempre na beira do precipício nos guiando, para que não caiamos em desgraça. Mas, o que surge depois de ultrapassá-lo?
A felicidade!
É necessário aprender como gozar a felicidade e para isso precisamos ficar em alerta no momento de sua chegada. As pessoas podem naturalmente aprender como usufruir do prazer dos sentidos, mas são inaptas para captar o seu ritmo. A alegria da alma e os prazeres sensoriais são como irmãos gêmeos: às vezes se atraem e às vezes se repelem.
A felicidade é uma espécie de vibração da alma. E tal como o ouvido musical é treinado, é necessária a prática constante para percebê-la.
Em suma, a felicidade é aqueles momentos ausentes de qualquer angústia, e a frequência em que ela surge não é, contudo, tão baixa como imaginamos.
Muitas vezes, as pessoas apenas percebem a felicidade, depois que a sua carruagem passou, e lamentam que não a tenham reconhecido. Muita gente adora relembrar a felicidade do passado e ignora os momentos em que a felicidade se esvai como o frescor do orvalho. São nestes momentos que caminhamos apressadamente, olhando de um lado ao outro sem saber com o que estamos ocupados.
No mundo atual anuncia-se com frequência a chegada de tufões, pragas, pestes e terremotos, porém nunca se anuncia a felicidade. Ela é, na realidade, igual a todas as coisas deste planeta, possuindo os seus próprios sinais e indícios.
A felicidade é muitas vezes nebulosa e com moderação ela espraia-se como uma garoa após a seca. Não se deve aspirá-la de forma fervorosa, pois, na maioria das vezes, ela chega acariciando suavemente o nosso rosto. Nunca se deve desperdiça-la, para que ela não se esvaia rapidamente. É necessário arrefecer o coração para poder experimentar sua verdadeira essência.
A felicidade na maioria das vezes é muito simples, diferente do brilho multicolorido do estouro de fogos de artifício. Ela apenas nos abraça de forma terna e carinhosa. A felicidade não é ostensiva e muitas vezes, emerge na escuridão. É um pedaço de bolo que se compartilha na pobreza, é a solidariedade num olhar cúmplice, numa forte carícia de um pai, um bilhete delicado de uma amante, eis que isso tudo é um tipo de felicidade muito difícil de obter. Ela é como rubis costurados em uma seda, que nas situações mais desoladoras emana ainda mais o seu brilho ofuscante.
Há situações que a felicidade parece brincar conosco, surge perante a nós disfarçada de oportunidade, amizade, sucesso, ou de um reencontro. Isso tudo são situações parecidas com ela, mas ainda sim não é a felicidade. Esta veste tais roupas e maquiagens, aproxima-se de nós de maneira graciosa e elegante e, quando a desvelamos, descobre-se seu núcleo firme e sólido como ferro. Às vezes a felicidade é muito curta e efêmera, ao contrário do sofrimento que parece encobrir todo o céu. Se separarmos toda a felicidade e a tristeza da vida das pessoas, perceberemos que a tristeza ocupa uma área imensa, enquanto a felicidade é apenas pequenos pedaços de pedras de uma mina. Porém o ponteiro da bússola tende a se virar em direção à felicidade, pois ela é o ouro mais precioso da vida.
A felicidade possui a forma de um trapézio, dependendo do ponto de vista que se olha, ela pode parecer mais larga ou mais estreita.
Devemos, portanto, aumentar o nosso estado de alerta para a felicidade. Quando ela chegar, aproveitemo-la ao máximo a cada minuto. Pois, como apontam as pesquisas científicas, os resultados são muito melhores em eventos conscientes.
Na chegada da primavera, devemo-nos dizer: a primavera chegou! E nossas mentes se encherão com o verde da esperança.
Temos de nos esforçar para não esquecermos os momentos felizes. Deste modo, a sensação de felicidade irá se estender e nos acompanhar sempre, fazendo-nos possui-la por mais tempo.
Por isso, no momento da colheita, não vamos pensar em desastres, já que haverá um longo inverno para se preocupar com estas coisas. Aproveitemos para cantar e dançar com os amigos. Regozijemos! Uma vez que as sementes compensam todo o nosso suor, temos o direito de estar imersos na felicidade. Não é necessário se preocupar com as futuras geadas, nevascas, chuvas e tempestades, apenas concentremo-nos em moer o trigo para fazer a farinha e transformá-la em um pão delicioso.
Quando saímos de um canto do mundo para nos encontrarmos com alguém, não fiquemos ansiosos pensando no momento da despedida, pois haverá inúmeras noites solitárias para remoer a saudade. Viva cada minuto como se estivesse queimando o mais puro álcool que se consome na chama azulada da felicidade, sem deixar nenhum resquício. Portanto, brindemos dizendo: Somos felizes!
Por isso, enquanto cuidamos de nossos pais idosos, embora seus cabelos comecem a ficar brancos e se tornem cada vez mais senis, devemos corajosamente dizer a si mesmo: Eu sou muito feliz. Pois nada nesse mundo é permanente e haverá o tempo para podermos lembrar-nos deles.
A felicidade não acompanha o tempo da riqueza, da fama e do matrimônio, pois ela é uma sensação na alma.
Portanto, até mesmo quando não tivermos mais nada, podemos dizer: Sou feliz! Pois ainda possuo um corpo sadio. Quando não mais gozarmos de boa saúde, aqueles mais corajosos ainda permanecerão com um leve sorriso e dirão: Sou feliz! Pois ainda tenho uma mente sã. Quando não tivermos mais a lucidez, aqueles seres mais excepcionais da humanidade ainda poderão gritar ao universo: Sou feliz! Pois vivi minha vida.
Devemos constantemente nos lembrar de sermos feliz, da mesma forma que fitamos o sol nos dias invernais, e nossos corações sem perceber começará a se esquentar.