Eurípides, Hécuba T de Traduções 9 Maio, 20189 Janeiro, 2019 Por Tereza Virgínia Ribeiro Barbos Editoria Alexia Teles Duchowny Esta tradução foi realizada pela trupe de tradução Truπersa em processo coletivo e envolveu tradutores do grego, encenadores, uma direção artística, atores e músicos. Coube a mim o prazer da direção de tradução do grego para o português. Acompanhei cada passo dos tradutores, redirecionei alguns, assumi minha própria direção definindo trilhas, desvios, atalhos e também rodeios. Ofereço-lhes aqui um pequeno trecho de nosso trabalho, o prólogo da peça. O texto traduzido é, ainda, inédito, embora já tenha sido encenado várias vezes. Mais um ano e teremos a tragédia Hécuba, de Eurípides, completamente traduzida para publicação. O texto foi escolhido para tradução como uma homenagem póstuma a Polidoro († primavera de 420 a.C.) e Alan Kurdi († 02 de setembro de 2005). A história se repete, é fácil notar. Costa da Trácia (Turquia, Grécia e Bulgária). O enredo: Troia foi derrotada. Polidoro, herdeiro de Troia, foi cruelmente morto sob a guarda do rei da Trácia. O assassino foi o próprio rei trácio, Poliméstor, que, depois do crime, se apossou das riquezas do príncipe e jogou seu cadáver no mar. O corpo aparece na praia como o de Alan Kurdi, achado na costa da Turquia. A mãe encontra-o. Que será da idosa Hécuba, sem marido, sem filhos, sem pátria? Antiguidade e contemporaneidade batem o mesmo compasso. Os versos que selecionamos constituem a fala inaugural do fantasma de Polidoro, cuja aparição precede o achamento do corpo pela rainha destronada. Texto grego: Euripidis Fabulae, vol. 1. Gilbert Murray. Oxford. Clarendon Press, Oxford. 1902. Projeto Perseus: http://www.perseus.tufts.edu Πολυδώρου εἴδωλον Aparição de Polidoro Ἥκω νεκρῶν κευθμῶνα καὶ σκότου πύλας Saí! Rompi o ventre dos mortos e as portas de λιπών, ἵν᾽ Ἅιδης χωρὶς ᾤκισται θεῶν, treva de onde mora Hades, longe dos deuses. Πολύδωρος, Ἑκάβης παῖς γεγὼς τῆς Κισσέως Polidoro, da Hécuba de Cisseu, filho nascido de Πριάμου τε πατρός, ὅς μ᾽, ἐπεὶ Φρυγῶν πόλιν Príamo, pai que, a mim, no que o pavor de cair κίνδυνος ἔσχε δορὶ πεσεῖν Ἑλληνικῷ, sob a lança grega prende a cidade dos frígios, δείσας ὑπεξέπεμψε Τρωικῆς χθονὸς arrebatado, na calada, do torrão troiano me Πολυμήστορος πρὸς δῶμα Θρῃκίου ξένου, abriga no ninho de um hóspede trácio: Poliméstor, ὃς τήνδ᾽ ἀρίστην Χερσονησίαν πλάκα o que, adestrando um povo cavaleiroso, sob lança, σπείρει, φίλιππον λαὸν εὐθύνων δορί. semeia esta ótima várzea da península aí. πολὺν δὲ σὺν ἐμοὶ χρυσὸν ἐκπέμπει λάθρᾳ 10 Mas pai, às canhas, despacha muito ouro comigo: πατήρ, ἵν᾽, εἴ ποτ᾽ Ἰλίου τείχη πέσοι, “É pra que, se um dia a torre ilíada tomba, τοῖς ζῶσιν εἴη παισὶ μὴ σπάνις βίου. pros filhos vivos, miséria de vida não haverá.” νεώτατος δ᾽ ἦ Πριαμιδῶν, ὃ καί με γῆς Era caçula dos Priâmidas, então ele me fez ὑπεξέπεμψεν· οὔτε γὰρ φέρειν ὅπλα da terra escapulir: é que nem bater armas e οὔτ᾽ ἔγχος οἷός τ᾽ ἦ νέῳ βραχίονι. nem levar gládio um braço, assim menino, podia. ἕως μὲν οὖν γῆς ὄρθ᾽ ἔκειθ᾽ ὁρίσματα E pelo tempo em que firmes as fronteiras da terra πύργοι τ᾽ ἄθραυστοι Τρωικῆς ἦσαν χθονὸς e inteiros os muros da gleba de Troia ficassem, Ἕκτωρ τ᾽ ἀδελφὸς οὑμὸς εὐτύχει δορί, e o irmão meu, Heitor, acertava com a lança; καλῶς παρ᾽ ἀνδρὶ Θρῃκὶ πατρῴῳ ξένῳ viçoso e com o hóspede paterno, o varão trácio, τροφαῖσιν ὥς τις πτόρθος ηὐξόμην τάλας· 20 às fartas, qual broto daninho, eu crescia! ἐπεὶ δὲ Τροία θ᾽ Ἕκτορός τ᾽ ἀπόλλυται Aí, depois que se esvai Troia – e o sopro de ψυχή, πατρῴα θ᾽ ἑστία κατεσκάφη, Heitor – e a férula do pai se apagou e ele αὐτός τε βωμῷ πρὸς θεοδμήτῳ πίτνει próprio, no altar do deus, cai dessangrado σφαγεὶς Ἀχιλλέως παιδὸς ἐκ μιαιφόνου, pelo carniceiro dο filho de Aquiles, aí, pelo κτείνει με χρυσοῦ τὸν ταλαίπωρον χάριν ouro o hóspede do pai mata esse infeliz aqui, ξένος πατρῷος καὶ κτανὼν ἐς οἶδμ᾽ ἁλὸς e, no que morto me fez, no turbilhão do mar μεθῆχ᾽, ἵν᾽ αὐτὸς χρυσὸν ἐν δόμοις ἔχῃ. me largou, pra que, em casa, só com o ouro ficasse. κεῖμαι δ᾽ ἐπ᾽ ἀκταῖς, ἄλλοτ᾽ ἐν πόντου σάλῳ, Então, boio sobre recifes e mais lá no sumidouro πολλοῖς διαύλοις κυμάτων φορούμενος, d’água. De arrasto, nos vai-e-volta das ondas, ἄκλαυτος ἄταφος· νῦν δ᾽ ὑπὲρ μητρὸς φίλης 30 sem choro, sem velas, por cima de Hécuba, mãe Ἑκάβης ἀίσσω, σῶμ᾽ ἐρημώσας ἐμόν, querida, exilado do corpo meu, me derramo. Oh, que τριταῖον ἤδη φέγγος αἰωρούμενος, já é o terceiro fulgor que marejo, dês que, ὅσονπερ ἐν γῇ τῇδε Χερσονησίᾳ de Troia, tá’qui, na terra desta península μήτηρ ἐμὴ δύστηνος ἐκ Τροίας πάρα. aí, a minha dolorosa mãe. E os aqueus πάντες δ᾽ Ἀχαιοὶ ναῦς ἔχοντες ἥσυχοι todos, atracados barcos, sossegados, θάσσουσ᾽ ἐπ᾽ ἀκταῖς τῆσδε Θρῃκίας χθονός· descansam nos recifes deste torrão trácio! ὁ Πηλέως γὰρ παῖς ὑπὲρ τύμβου φανεὶς É que, da tumba, o filho de Peleu fulgiu; κατέσχ᾽ Ἀχιλλεὺς πᾶν στράτευμ᾽ Ἑλληνικόν, Aquiles retém todo esquadrão grego: os que πρὸς οἶκον εὐθύνοντας ἐναλίαν πλάτην· pra casa direto, mar afora, já remos batiam! αἰτεῖ δ᾽ ἀδελφὴν τὴν ἐμὴν Πολυξένην 40 Ele exige, na tumba, ter a minha irmã τύμβῳ φίλον πρόσφαγμα καὶ γέρας λαβεῖν. Polixena como troféu e oferta amiga. E isso καὶ τεύξεται τοῦδ᾽ οὐδ᾽ ἀδώρητος φίλων aí logrará e não ficará, da parte dos varões ἔσται πρὸς ἀνδρῶν· ἡ πεπρωμένη δ᾽ ἄγει amigos, sem prenda! E tal oferta puxa θανεῖν ἀδελφὴν τῷδ᾽ ἐμὴν ἐν ἤματι. pra morrer, neste dia de hoje, a minha irmã. δυοῖν δὲ παίδοιν δύο νεκρὼ κατόψεται E dos dois filhos, a mãe verá dois defuntos μήτηρ, ἐμοῦ τε τῆς τε δυστήνου κόρης. no chão: eu e mais a lastimosa moça-vestal. φανήσομαι γάρ, ὡς τάφου τλήμων τύχω, Desponto então – pra ganhar um triste enterro – nos δούλης ποδῶν πάροιθεν ἐν κλυδωνίῳ. carneirinhos d’onda, ante as passadas duma escrava. τοὺς γὰρ κάτω σθένοντας ἐξῃτησάμην E aos potentados lá de baixo suplico lograr τύμβου κυρῆσαι κἀς χέρας μητρὸς πεσεῖν. 50 um túmulo e mergulhar nos braços da mãe. τοὐμὸν μὲν οὖν ὅσονπερ ἤθελον τυχεῖν Por mim, é certo, tudo o que quero ter há de ἔσται· γεραιᾷ δ᾽ ἐκποδὼν χωρήσομαι ser! Mas saio pra longe da fanada Hécuba! Ἑκάβῃ· περᾷ γὰρ ἥδ᾽ ὑπὸ σκηνῆς πόδα Aí, ó, eis! Ela, a pé, à sombra do abrigo Ἀγαμέμνονος, φάντασμα δειμαίνουσ᾽ ἐμόν. de Agamenão, aterrada por meu fantasma. φεῦ· Beú! ὦ μῆτερ, ἥτις ἐκ τυραννικῶν δόμων Ô mãe, tu que, de soberbas moradas, δούλειον ἦμαρ εἶδες, ὡς πράσσεις κακῶς vês o dia servil… tão mal agora quanto antes ὅσονπερ εὖ ποτ᾽· ἀντισηκώσας δέ σε bem! No que um dos deuses no prumo φθείρει θεῶν τις τῆς πάροιθ᾽ εὐπραξίας. 58 assim te botou, arriou o triunfo de outrora. Ἑκάβη Hécuba ἄγετ᾽, ὦ παῖδες, τὴν γραῦν πρὸ δόμων, Levai, meninas, pra frente do abrigo, a velha; ἄγετ᾽ ὀρθοῦσαι τὴν ὁμόδουλον, 60 levai a serva igual a vós, aprumadas Τρῳάδες, ὑμῖν, πρόσθε δ᾽ ἄνασσαν· troianas, eis aqui a soberana de antes! [λάβετε φέρετε πέμπετ᾽ ἀείρετέ μου] [segurai, arrimai, ladeai, erguei-me] γεραιᾶς χειρὸς προσλαζύμεναι· vós, ajudantes de minha mão anciã! κἀγὼ σκολιῷ σκίπωνι χερὸς E eu, mão apoiada em vergado διερειδομένα σπεύσω βραδύπουν amparo, acelero devagar; com ἤλυσιν ἄρθρων προτιθεῖσα. passadas traspés, vou adiante. ὦ στεροπὰ Διός, ὦ σκοτία νύξ, Ô faísca de Zeus, ô trevosa noite! τί ποτ᾽ αἴρομαι ἔννυχος οὕτω Que é isso d’eu espiritar noite adentro em δείμασι φάσμασιν; ὦ πότνια Χθών, 70 pavores assomados!? Ô terra soberba, μελανοπτερύγων μᾶτερ ὀνείρων, mãe dos sonhos negralados, ἀποπέμπομαι ἔννυχον ὄψιν, varro-me assombrada co’as visagens, [ἣν περὶ παιδὸς ἐμοῦ τοῦ σῳζομένου κατὰ Θρῄκην [as de meu menino, guardado no fundo da Trácia, ἀμφὶ Πολυξείνης τε φίλης θυγατρὸς δι᾽ ὀνείρων 75 e as de Polixena, filha querida, que por sonhos εἶδον γὰρ φοβερὰν ὄψιν ἔμαθον ἐδάην.] vi; é certo, depurei, apurei: cena medonha.] ὦ χθόνιοι θεοί, σώσατε παῖδ᾽ ἐμόν, Ó deuses do meu torrão, guardai o filho meu, ὃς μόνος οἴκων ἄγκυρ᾽ ἔτ᾽ ἐμῶν 80 qu’ele, só, é âncora da minha casa τὴν χιονώδη Θρῄκην κατέχει e suporta a invernosa Trácia ξείνου πατρίου φυλακαῖσιν. sob a guarda do hóspede do pai. ἔσται τι νέον· Êa! Que nova será!? ἥξει τι μέλος γοερὸν γοεραῖς. Que toada virá nesta dolente entoada!? οὔποτ᾽ ἐμὰ φρὴν ὧδ᾽ ἀλίαστον 85 Como nunca, meu peito, assim φρίσσει ταρβεῖ. quialterado, lateja, pulsa. ποῦ ποτε θείαν Ἑλένου ψυχὰν Onde sei, enfim, de Heleno e Cassandra, καὶ Κασάνδραν ἐσίδω, Τρῳάδες, d’alma santa deles, troianas, pra modo ὥς μοι κρίνωσιν ὀνείρους; de os sonhos eles, pra mim, clarearem? εἶδον γὰρ βαλιὰν ἔλαφον λύκου αἵμονι χαλᾷ 90 Pois eu vi: uma corça malhada, lancetada pela unha σφαζομέναν, ἀπ᾽ ἐμῶν γονάτων σπασθεῖσαν ἀνοίκτως. sangrante dum lobo, arrebatada de meus joelhos sem dó. καὶ τόδε δεῖμά μοι· ἦλθ᾽ ὑπὲρ ἄκρας Este aqui é meu pavor: vai que chega de cima, τύμβου κορυφᾶς no topo da tumba, φάντασμ᾽ Ἀχιλέως· ᾔτει δὲ γέρας o fantasma de Aquiles e pede um prêmio… τῶν πολυμόχθων τινὰ Τρωιάδων. 95 uma das tão padecentes troianas! ἀπ᾽ ἐμᾶς ἀπ᾽ ἐμᾶς οὖν τόδε παιδὸς Arrenego; nego que isso contra minha filha πέμψατε, δαίμονες, ἱκετεύω. atireis; divindades, eu vos rogo! Χορός Coro Ἑκάβη, σπουδῇ πρός σ᾽ ἐλιάσθην Hécuba, escapei ligeiro rumo a ti, τὰς δεσποσύνους σκηνὰς προλιποῦσ᾽, fugida das tendas dos comandantes, ἵν᾽ ἐκληρώθην καὶ προσετάχθην 100 na horinha em que era sorteada e dada δούλη, πόλεως ἀπελαυνομένη como serva! Rapinada da cidade τῆς Ἰλιάδος, λόγχης αἰχμῇ de Ílion, por modo de lança pontuda, δοριθήρατος πρὸς Ἀχαιῶν, caça alvejada por aqueus, οὐδὲν παθέων ἀποκουφίζουσ᾽, em nada, pelos baques, te posso ἀλλ᾽ ἀγγελίας βάρος ἀραμένη 105 acalmar; carregada com gordos μέγα σοί τε, γύναι, κῆρυξ ἀχέων. fardos noticiosos, mulher, porta-voz ἐν γὰρ Ἀχαιῶν πλήρει ξυνόδῳ ressoo: no agregado dos aqueus, em λέγεται δόξαι σὴν παῖδ᾽ Ἀχιλεῖ massa, disseram ser bom deitar tua σφάγιον θέσθαι· τύμβου δ᾽ ἐπιβὰς filha com Aquiles como expiação! Trepado οἶσθ᾽ ὅτε χρυσέοις ἐφάνη σὺν ὅπλοις, 110 na tumba, viste qu’ele, co’armadura d’ouro, τὰς ποντοπόρους δ᾽ ἔσχε σχεδίας fulgiu e reteve nos varadouros as singrantes λαίφη προτόνοις ἐπερειδομένας, barcas com velas ao sotavento e que τάδε θωΰσσων· isto trovejou: Ποῖ δή, Δαναοί,τὸν ἐμὸν τύμβον “Mas pra onde, dânaos, debandais, στέλλεσθ᾽ ἀγέραστον ἀφέντες; 115 largando minha tumba desonrada?”… πολλῆς δ᾽ ἔριδος συνέπαισε κλύδων, Aí, travou-se caturrada aos borbotões, δόξα δ᾽ ἐχώρει δίχ᾽ ἀν᾽ Ἑλλήνων dividiu-se a opinião na tropa guerreira στρατὸν αἰχμητήν, τοῖς μὲν διδόναι dos gregos; uns achavam de dar τύμβῳ σφάγιον, τοῖς δ᾽ οὐχὶ δοκοῦν. expiação pra tumba; outros, nem pensar. ἦν δὲ ὁ τὸ μὲν σὸν σπεύδων ἀγαθὸν 120 Duma banda, ligeiro, em teu favor e por causa τῆς μαντιπόλου Βάκχης ἀνέχων da ciganinha de Baco; se metia Agamenão, λέκτρ᾽ Ἀγαμέμνων· fofando a cama! τὼ Θησείδα δ᾽, ὄζω Ἀθηνῶν, Doutra, os dois Teseidas, ramo de Atenas, δισσῶν μύθων ῥήτορες ἦσαν, por dúbias conversas, enredosos que eram, γνώμῃ δὲ μιᾷ συνεχωρείτην, 125 uma sentença acordaram: em roda da τὸν Ἀχίλλειον τύμβον στεφανοῦν tumba aquilonal, deitar sangue αἵματι χλωρῷ, τὰ δὲ Κασάνδρας fresco; só que não falaram nada λέκτρ᾽ οὐκ ἐφάτην τῆς Ἀχιλείας de Cassandra, de junto antepor πρόσθεν θήσειν ποτὲ λόγχης. a cama desta à lança de Aquiles. σπουδαὶ δὲ λόγων κατατεινομένων 130 Diligentes, no que desdobravam ἦσαν ἴσαι πως, πρὶν ὁ ποικιλόφρων propostas, na mesma ficavam até que κόπις ἡδυλόγος δημοχαριστὴς o argiloso do Laertida, alfinete- Λαερτιάδης πείθει στρατιὰν macio-lero-lero-arrasta-gente, dobra μὴ τὸν ἄριστον Δαναῶν πάντων a tropa: “Que não adieis degolas de δούλων σφαγίων εἵνεκ᾽ ἀπωθεῖν, 135 servos para o melhor dos Dânaos e que, μηδέ τιν᾽ εἰπεῖν παρὰ Φερσεφόνῃ ao lado de Perséfone, estacado, nenhum στάντα φθιμένων dos mortos vá dizer ὡς ἀχάριστοι Δαναοὶ Δαναοῖς aos Dânaos finados por causa dos gregos τοῖς οἰχομένοις ὑπὲρ Ἑλλήνων que Dânaos mal-agradecidos Τροίας πεδίων ἀπέβησαν. 140 desertaram a planura de Troia.” ἥξει δ᾽ Ὀδυσεὺς ὅσον οὐκ ἤδη, E não é que logo-logo chegará Odisseu πῶλον ἀφέλξων σῶν ἀπὸ μαστῶν pra levar a mulinha pra longe das tuas ἔκ τε γεραιᾶς χερὸς ὁρμήσων. mamas, esvaziando uma velha mão? ἀλλ᾽ ἴθι ναούς, ἴθι πρὸς βωμούς, Mas vai! Vai pros oratórios, altares, [ἵζ᾽ Ἀγαμέμνονος ἱκέτις γονάτων,] 145 [põe-te súplice aos joelhos de Agamenão,] κήρυσσε θεοὺς τούς τ᾽ οὐρανίδας e clama pelos deuses lá do céu e τούς θ᾽ ὑπὸ γαίαν. mais os lá do fundo da terra. ἢ γάρ σε λιταὶ διακωλύσουσ᾽ Ou as rezas te poupam da privação ὀρφανὸν εἶναι παιδὸς μελέας da filha malsim, ou hás-de ἢ δεῖ σ᾽ ἐπιδεῖν τύμβou προπετῆ 150 avistar, caída em decúbito dorsal, φοινισσομένην αἵματι παρθένον esbraseada em sangue, uma donzela ἐκ χρυσοφόρου co’a coleira dourada do δειρῆς νασμῷ μελαναυγεῖ. pescoço e luzentes borbulhas em jorro escuro. Ἑκάβη Hécuba οἲ ἐγὼ μελέα, τί ποτ᾽ ἀπύσω; Osga malsim! Que vou bramir? ποίαν ἀχώ, ποῖον ὀδυρμόν, 155 Qual melúria, que lamúria <καὶ> δειλαία δειλαίου γήρως, <e> rabuja de rabugice senil, δουλείας τᾶς οὐ τλατᾶς, pela intrigalha tralha servil, τᾶς οὐ φερτᾶς; ὤμοι. intransportável?! Ô eu! τίς ἀμύνει μοι; ποία γέννα, Quem me guarda? Que parente? ποία δὲ πόλις; φροῦδος πρέσβυς 160 E que vila? Foi-se o primaz, φροῦδοι παῖδες. os filhos se foram. ποίαν ἢ ταύταν ἢ κείναν Como? Por aqui, por de lá, avanço? στείχω; ποῖ δ᾿ ἥσω; ποῦ τις θεῶν Onde me apoio? Donde? Qual dos ἢ δαίμων ἐπαρωγός; deuses ou bendito guardião me vem? ὦ κάκ᾽ ἐνεγκοῦσαι, 165 Ô carreteiras do azar, Τρῳάδες ὦ κάκ᾽ ἐνεγκοῦσαι troianas, ô carreteiras do azado πήματ᾽, ἀπωλέσατ᾽ ὠλέσατ᾽· οὐκέτι μοι βίος pesar, me levais a pó, a ruínas! Vida de glória que ἀγαστὸς ἐν φάει. preste não há mais em mim. ὦ τλάμων ἅγησαί μοι πούς, Ô padecente, me leva, pé! ἅγησαι τᾷ γηραιᾷ 170 πρὸς τάνδ᾽ αὐλάν; Leva a anciã pro cercado! Direção Artística: Anita Mosca Assistente de Direção: Anselmo Bandeira Direção Musical e Fagote: Manuela Barbosa Flauta: Fábio Viana Voz: Clarice Viana Atores de Cena: Cristiano Elias, Gabriel Demaria, Serena Rocha, Maria Viana Direção de Tradução: Tereza Virgínia Ribeiro Barbosa Atores de Tradução: Bruno Scomparin, Cristiano Elias, Maxwell Heringer, Serena Rocha, Vinicius Hespanhol; participação especial: Anna Thereza Brioschi Scomparin Capa: Maria Cecília Ribeiro Barbosa