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Não igual

Por Maurilo Andreas

Um dos meus livros acaba de ser aprovado pelo PNLD Literário: Cachinhos, Conchinhas, Flores e Ninhos.

A história é inspirada em minha filha que, aos 4 ou 5 anos de idade saía da escolinha quando foi abordada por uma moça que disse: “Que menina linda! Por que você não pede para sua mãe alisar seus cabelos?”.

Puxei minha filha pelas mãos e pedi às pessoas da escola que não permitissem que aquela mulher voltasse a conversar com ela.

Pois bem, o livro parte disso. Dessa pressão de sermos quem não somos para seguir alguma norma ou padrão que alguém considera ideal. É o desejo, inconsciente ou consciente, pelos pequenos símbolos de pureza (o cabelo liso, a pele clara) como equivocados indicadores de superioridade.

Esse trabalho de estimular em minha pequena o gosto pelos próprios cachos é a realidade de diversos pais de crianças com características físicas que não são aceitas como “ideais”.

Eu acho incrível quando a literatura assume um papel importante ao mostrar a diversidade étnica, religiosa, comportamental e física em seus heróis e personagens. Histórias divertidas, emocionantes, criativas e que não necessariamente tragam alguma “lição de moral”, mas que utilizem a imensa diversidade do ser humano para se tornarem ainda melhores.

De imediato vem à minha cabeça o livro “Morango Sardento”, da Julianne Moore, que minha filha adorava e que tem como protagonista uma menina ruiva e suas sardas. Ou “Menina Bonita do Laço de Fita”, da Ana Maria Machado, que celebra o orgulho de ser negra e bela.

A verdade é que somos combinação, união de origens e caminhos, somos o resultado de uma multiplicação de qualidades e defeitos de inúmeras gerações que resultam sempre em 1, em únicos.

E por isso o diferente, o misturado não deveria assustar e sim atrair. E se um livro consegue fazer isso com uma criança, já entra imediatamente para a minha lista de favoritos.

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